´A secretária jogou inutilmente para a torcida´, criticou presidente da APPI
Em entrevista ao Jornal Bahia Online, hoje no final da manhã, a presidente da APPI, Enilda Mendonça, rebateu a denúncia feita ontem pela secretária de Educação, Marlúcia Rocha, de que a entidade, ao disponibilizar o percentual de efetivo para trabalhar durante o movimento grevista, teria optado "por um processo de mistificação e de não atendimento real à determinação judicial". Segundo Enilda, a secretária, que após quase dois meses de greve nunca tomou a iniciativa de se encontrar com a categoria para tentar resolver o impasse, comete "um equívoco absurdo".
A lista, segundo a presidente da APPI, não foi elaborada pela entidade mas, sim, pelos diretores das escolas e nela o pedido do Ministério Público é de que sejam disponibilizados 50 por cento dos servidores "efetivamente trabalhando" e, nesta condição, encontram-se, inclusive, os dirigentes sindicais que são efetivos do município, tanto que dele recebem salários. Por isso, na lista encaminhada há nomes como o da própria Enilda, de um irmão do prefeito Jabes Ribeiro, do vereador licenciado e secretário Jamil Ocké, do vereador Alzimário Vieira Belmonte e de um significativo grupo de professores que estão residindo fora do município (alguns em até outros estados, como a Paraíba) mas que são ativos e estão apenas fora das salas de aula. "Na educação não tem só professor, concorda", afirmou Enilda.
"A APPI apenas juntou a lista e a encaminhou ao governo, ressaltando, inclusive, que se caso houvesse algum erro, que fôssemos logo comunicados do fato para a devida substituição", ressalta. "Não temos o controle total do quadro. Só temos a lista dos nossos associados. O município tem 1.500 professores e apenas mil destes são ligados à nossa entidade", explicou, justificando a possibilidade de conter alguns erros na lista, por desconhecer alguns profissionais do quadro. No entanto, segundo Enilda, a secretária resolveu "jogar inutilmente para a torcida", expondo a situação e querendo tirar proveito político do fato, objetivando desqualificar o movimento.
A presidente da APPI apresentou cópia da ata da reunião que teve com o governo e, nela, há realmente a informação de que eram as diretoras de escola que deveriam encaminhar esta lista. Também que em caso de erro, o sindicato fosse oficializado. Sobre a indicação de um professor morto ela disse que foi um fato isolado, um erro de quem indicou, mas que passou desapercebido por todos que conferiram a lista. "Ele havia entrado ano passado e morreu este ano. Era pouco conhecido de todos", defendeu-se.
Para Enilda, o que a secretária deveria fazer - já que até então não havia se pronunciado sobre a greve - era tentar resolver os problemas da Educação de Ilhéus. "Se a gente acabasse a greve hoje, por exemplo, não haveria aula em Inema, Pimenteira e Banco Central por falta de passe para os professores pegarem o transporte coletivo. Em Banco do Pedro os motoristas dos Transportes Escolares só trabalham pela manhã por que cortaram horas extras. Os alunos da tarde não têm como ir para escola. E em Carobeira o ano letivo sequer começou. Isso sim ela deveria cuidar", atacou a sindicalista. "O restante deixa que a gente cuida com quem está debatendo com a categoria nestes dois meses", ironizou.
Ontem, através da Secretaria de Comunicação, Marlúcia Paixão considerou que o comportamento da entidade sindical burlou a determinação judicial, uma vez que com a relação enviada, o atendimento ao que ordenou a desembargadora Silvia Zariff, em decisão liminar, é apenas formal, do número fixado. “Na realidade, os serviços da Educação continuarão prejudicados porque a determinação judicial não é obedecida”, observou a secretária, lamentando que os sindicalistas tenham optado por este caminho, que mantém os prejuízos para os pais e os estudantes, em vez de enviar uma relação com os nomes dos professores efetivos que estão em greve e que deveriam retornar aos seus postos para ministrar as aulas que os alunos precisam", afirmou.
Na denúncia, a secretária de Educação denunciou que, entre os relacionados para serem postos à disposição estão os nomes de oito dirigentes sindicais, inclusive da própria presidente, Enilda Mendonça – que não dão aulas nem trabalham em nenhuma outra função da pasta -, de todos os comissionados, inclusive da própria secretária de Educação, que sequer são servidores municipais. Além disso, na relação, constam os nomes de um professor já falecido, de outro aposentado, de quatro que estão em licença sem vencimentos, de três que estão em licença-maternidade e de 26 que não constam na folha, além de algumas repetições.